domingo, maio 18, 2008

CHICO LOBO, PEDRO MESTRE E SEUS MESTRES SÃO CAPA DO DIÁRIO DO ALENTEJO

A parceria desenvolvida por Chico Lobo e Pedro Mestre no CD "Encontro de Violas" - 1º registro no mundo, nesse gênero -, e que esse ano levou a Portugal o encontro dos mestres (de Brasil / Portugal) e seus respectivos discípulos, é reconhecido pelo Diário do Alentejo - principal jornal da região -, e torna-se matéria de capa. A matéria é de autoria de João Matias e as fotos são de José Serrano. Acompanhe a entrevista completa pelo link:
http://www.diariodoalentejo.pt/ (clicando já nessa página no link "tema de capa"), ou leia abaixo um trecho da entrevista:

Tema de capa
Alentejo e Minas Gerais unidos pelo toque das violas

Diversos palcos do Sul alentejano assistiram, nas últimas semanas, ao espectáculo "Encontro de Violas", protagonizado por Pedro Mestre e Chico Lobo. De uma maneira discreta e sem espalhafato mediático a dupla tem vindo a impor-se pela qualidade do trabalho e pela seriedade da sua proposta. "Encontro de Violas" – que já tem uma versão editada em CD, em Portugal e no Brasil – reúne a viola campaniça de Pedro Mestre e a viola caipira de Chico Lobo. Ambas populares, ambas ligadas às tradições dos homens do campo. A experiência é inédita e o resultado feliz. Entre nós, tem reavivado a "campaniça", para alegria de antigos tocadores e apreciadores e, simultaneamente, entusiasmado o público jovem, encantado com a beleza da sonoridade destas cordas tradicionais.
Assente na amizade entre os dois músicos e na constatação dos elementos comuns existentes no universo de cada uma das violas, o espectáculo revela também dois virtuosos executantes e duas vozes muito fortes. Os artistas viram-se pela primeira vez no final da Primavera de 2006, durante uma reunião de tocadores em Évora. Chico Lobo estava em Portugal para participar no III Encontro de Culturas de Serpa e trazia uma ideia bem clara: "Conhecer a viola campaniça", que considerava "mãe da caipira". Quando foi apresentado a Pedro Mestre, imediatamente se estabeleceu entre ambos uma forte empatia e o violeiro* de Minas Gerais convidou o tocador alentejano a apresentar-se, dias depois, no seu espectáculo no Espaço da Nora em Serpa. Dois meses mais tarde Pedro Mestre desembarcava no Brasil para a primeira tournée conjunta. O público brasileiro acolheu o jovem português entusiasticamente, tendo recebido com muito agrado e emoção a sua viola campaniça.

No regresso de Chico Lobo a Portugal, em 2007, os dois surgiram já como uma dupla - à cumplicidade entre as violas havia-se juntado o entendimento de seus mestres tocadores. Os espectáculos multiplicaram-se em Portugal e deles nasceu o CD "Encontro de Violas", idealizado na aldeia de Sete, gravado em Aljustrel e finalizado no Brasil, com apoio dos municípios de Castro Verde e Almodôvar e de São João Del Rei, capital brasileira da cultura em 2007.
Pedro Mestre e Chico Lobo integram, também, o espectáculo "O homem que à terra canta", produzido pela Câmara de Serpa, que combina músicos de Portugal, Brasil, Cabo Verde e Espanha. O espírito é o mesmo e é marca do estilo comprometido com que ambos estão na vida.
*Enquanto em Portugal o termo (violeiro) significa construtor ou vendedor de violas, no Brasil quer dizer aquele que a toca.

Os mestres antigos dos novos mestres
Os primeiros espectáculos do Encontro de Violas, em Castro Verde e Almodôvar, serviram também para juntar os mestres de Chico Lobo e de Pedro Mestre. O "caboclo" Nelson Jacó, 77 anos, saiu do Brasil pela primeira vez para se encontrar com o mestre da campaniça Manuel Bento: "Tinha muita vontade de o conhecer, pois falaram-me muito dele", revela seu Nelson. O encontro entre ambos em palco (que se espera venha a repetir-se no Brasil, assim seja possível convencer Manuel Bento a entrar num avião), para além de ter valorizado os espectáculos, foi o natural reconhecimento dos tocadores mais novos pelos mais velhos. O Encontro de Violas não é um mero show para 15 minutos de sucesso, é a união de duas culturas cujos valores se vão transmitindo de geração em geração. O novo espectáculo agrada a Nelson Jacó: "Eles tocam muito bonito". Manuel Bento reconhece diferenças entre a sua campaniça e a do discípulo: "As violas de agora são melhores e o Pedro sabe mais do que eu. Ele é o melhor tocador do País". Quanto à dupla: "Fazem um conjunto formidável, acertam muito bem". Nelson Jacó, que trouxe a sua caipira de sempre e uma velha rabeca, agradeceu ao auditório alentejano: "É um público diferente, mas muito bom, gostei".
Ana Elza, 24 anos, é a filha mais velha de mestre Nelson Jacó. Ela acompanha o pai desde muito nova com a sua caixa de folia. "Não me sinto fora do meu tempo por tocar com o meu pai. É um orgulho." A viagem marcou-a: "Fiquei emocionada por conhecer mestre Bento", confessou, "a campaniça é diferente, muito bonita".
O encontro da campaniça com a caipira está, assim, sacramentado.
Continuação no link: http://www.diariodoalentejo.pt/ (clicando já nessa página no link "tema de capa")

Um comentário:

Marcelo disse...

Grandioso trabalho, cacei vários vídeos no youtube para pretigiar essa fusão entre nossa viola caipira e a bela viola campaniça. Gostaria de obter mais informações de como adquirir o cd e se existe "por aí" dicionário de acordes para a viola campaniça.
Meu nome é Marcelo, sou tocador de viola caipira e bandolinista chorão de Santa Catarina com saudades do programa: Viola Brasil, transmitido pela tvsesc.